Quem deseja dançar até aos 95?

08-02-2024

No final de uma aula de grupo regular, comentávamos que queremos danzar até aos 95 e perguntávamo-nos, quantos lá chegariam e quantos 'ali estaríamos' a (bio)dançar juntos! A minha resposta foi: claro que lá chegaremos e claro que lá estaremos! Eu lá chegarei e lá estarei. E, muitos de nós, também!

Por uma razão muito simples: na Biodanza encontramos dois tópicos essenciais a uma longa (boa e bonita) vida: são eles a dança e a comunidade.

Sabe-se, por muitos estudos e investigações, agora transformados em documentários, ensaios, livros e afins, que a dieta, o exercício e o ambiente que nos rodeia, contribuem para a longevidade.

No entanto, a dança, pelo movimento, combinando com a música e a componente social de interação com o outro, aumentam a neuroplasticidade de forma absurda. É de longe a actividade humana, que mais contribui para a plasticidade neuro-cerebral, com todos os benefícios que isso implica, na saúde mental, mas não só.

A dimensão social da dança, que evoca o sentido comunitário e reforça o instituto gregário, contribui de forma assinalável para evitar a solidão, o isolamento e mais uma vez, traz benefícios para a saúde mental, desenvolvimento de competências sociais, mas não só.

Numa investigação levada a cabo pelo neurologista, Dr Joe Verghese, publicado no Jornal de Medicina da Nova Inglaterra há mais de 21 anos, foram estudadas várias atividades de lazer para determinar que actividades contribuiriam para diminuir o risco de demência e a doença de Alzheimer.

Foram estudadas várias actividades como ler livros, fazer palavras cruzadas, jogos de palavras e puzzles, jogar às cartas, escrita criativa, tocar um instrumento musical, mas também incluíram actividades físicas como nadar, andar de bicicleta, jogar ténis e golfe, caminhar como forma de exercício físico, trabalhos domésticos e dançar.

A investigação revelou que resolver palavras cruzadas diminui o risco de demência em 47% e ler em 35%. Para surpresa dos investigadores, os exercícios físicos como jogar golfe, andar de bicicleta ou nadar embora tragam grandes benefícios para a nossa saúde física, apresentam um contributo de 0%, nenhum efeito, na diminuição do risco da doença de Alzheimer. A surpresa maior foi que com o compromisso regular com uma actividade de dança social, o risco de demência baixava em 74%!!! *

A dança envolve a cooperação entre os pares, mas também a improvisação de movimentos, desafia o cérebro a tomar decisões de conexão neuronal muito rápida. Estes estímulos melhoram a neuroplasticidade, a expressão, aumentam a energia vital, a comunicação e a reação, mantendo-nos 'vivos' com mais qualidade.

Na Biodanza, encontramos estes elementos de forma regular (todas as semanas), pois dançamos, movemo-nos, encontramo-nos e reforçamos a alegria, os afectos, a saúde física, emocional, mental e espiritual, contribuindo de forma significativa, para viver bem e com saúde os anos que temos (sejam 20, 30, 40, 50…) e chegar bem aos 95!

A Vida ao Centro

Nuno Pinto, 6 fevereiro 2024

*Fonte: Palestra sobre neuroplasticiadade de Nicole Schleb, na Escola de Biodanza SRT Toro, traduzida para português por Ana Maria Silva