Poesia # 18 - Memória de Infância
Aquela bela ribeira
Que recordo noite e dia
Dentro de mim faz fronteira
Entre Vida e fantasia!
Vejo-a com águas claras
Oiço-a correr como outrora
Afasto a imagem triste
Que dentro de mim persiste
P'lo tempo quente de agora!
Guarda em si os segredos
Que às suas águas contei.
Escorrem, hoje, entre os meus dedos,
Como areia, esses segredos…
Castelos…que imaginei!
Recordo o estreito caminho
Que até ela me levava
E o cheiro a rosmaninho
Que esse caminho exalava!
Lembro-me da água fresca
Transparente, cristalina
Que em suave corrente
Embalava docemente
Meu coração de menina!
Nela me vejo criança
A alimentar os peixinhos
Quando a rir lhes atirava
O meu pão aos pedacinhos!
Memórias doces que guardo
E com carinho acalento
São elas a panaceia
P'ra saudade que me enleia,
E me agita o pensamento!
Faz parte da minha história
Tudo o que nela vivi!
E para além da saudade
Inspira-me esta verdade:
Dá valor e dignidade
Ao lugar onde nasci!
Sonho em vê-la correr
E o som da água escutar
Contar-lhe um novo segredo,
Dizer-lhe: "Eu sinto medo
Que
um dia…possas secar"!