Poesia # 18 - Memória de Infância

13-07-2023

Aquela bela ribeira

Que recordo noite e dia

Dentro de mim faz fronteira

Entre Vida e fantasia!

Vejo-a com águas claras

Oiço-a correr como outrora

Afasto a imagem triste

Que dentro de mim persiste

P'lo tempo quente de agora!

Guarda em si os segredos

Que às suas águas contei.

Escorrem, hoje, entre os meus dedos,

Como areia, esses segredos…

Castelos…que imaginei!

Recordo o estreito caminho

Que até ela me levava

E o cheiro a rosmaninho

Que esse caminho exalava!

Lembro-me da água fresca

Transparente, cristalina

Que em suave corrente

Embalava docemente

Meu coração de menina!

Nela me vejo criança

A alimentar os peixinhos

Quando a rir lhes atirava

O meu pão aos pedacinhos!

Memórias doces que guardo

E com carinho acalento

São elas a panaceia

P'ra saudade que me enleia,

E me agita o pensamento!

Faz parte da minha história

Tudo o que nela vivi!

E para além da saudade

Inspira-me esta verdade:

Dá valor e dignidade

Ao lugar onde nasci!

Sonho em vê-la correr

E o som da água escutar

Contar-lhe um novo segredo,

Dizer-lhe: "Eu sinto medo

Que um dia…possas secar"!