Não coloquem as pessoas em caixas

17-05-2021

Num dia destes, num webinar, colocaram um vídeo: Don't Put People in Boxes e isso fez-me lembrar uma história que me aconteceu há alguns anos...

Naquela altura andava de táxi várias vezes por mês e, de cada vez que entrava num, era como jogar na lotaria! O que me iria acontecer dessa vez? Era alguém que guiava de forma agressiva, ou o que começa a falar de tudo e de nada, ou o que queria que eu lhe indicasse o caminho porque era novo na profissão, ou ainda o que tinha o rádio muito alto num programa em que se discutia futebol? Noutras alturas era o próprio estado do carro, sujo, a cheirar a tabaco ou mesmo com as molas do meu banco partidas. Enfim, com tudo isto, passei a considerar de forma bastante depreciativa a classe profissional dos taxistas!

Mas um dia entrei num táxi, limpo, sem o rádio ligado, o senhor perguntou-me se queria o ar condicionado ligado (era verão) ou se preferia abrir a janela, sugeriu o caminho que lhe parecia ser melhor àquela hora para chegar ao meu destino e perguntou-me a minha opinião, enfim foi um serviço impecável. Foi de tal forma, que demos por nós a conversar toda a viagem como se nos conhecêssemos de longa data. Acabei por perceber que estava reformado, mas que tinha decidido arranjar aquele trabalho porque se sentia muito sozinho desde da morte da mulher que tinha sido a sua companheira de vida. Esta viagem reconciliou-me com os taxistas e mostrou-me a injustiça que cometia se os colocasse todos no mesmo "saco".

Realmente, eu tive de lutar muitas vezes contra estereótipos e preconceitos, e acho que consegui quase sempre, mas as generalizações, confesso que me deixo cair nesse erro com alguma facilidade. Este vídeo é de facto uma boa lição para de futuro não voltar a "meter as pessoas em caixas".

E você, em que caixas costuma meter as pessoas?

Ana Paula Melo