Reconvivência. O Fenómeno da reaproximação pós-reforma

15-04-2021

Nos dois últimos anos após a minha reforma, voltei naturalmente a conviver mais intensamente com amigos que não via desde a instrução primária, ou da faculdade. Não tendo estes encontros sido premeditados, reflecti um pouco sobre a oportunidade da sua múltipla ocorrência. É certo que em cada ano que passa o cadinho fica mais vazio, mas só isso, não explicaria a coincidência de propósitos face a interesses comuns.

Então é isso!... Interesses comuns.

Estamos vivos, relativamente estáveis na vida e temos interesses comuns. "Bora" lá então explorar esses interesses. Na minha perspectiva, o princípio norteador deve ser: "Nada é obrigatório!".

Disso já tivemos bastante e ainda temos, por causa do confinamento e das regras de urbanidade. Logo, o que sobra é o "facultativo".

- Então, o que é que há para aí de facultativo para fazer?

Não, não me estou a referir ao ir aquecer com o traseiro o banco do jardim, ou passear em excursões a Sesimbra ou à Nazaré. Refiro-me a coisas interessantes, estimulantes, apetecíveis, agradáveis, interactivas, que promovam a dinâmica pessoal e de grupo. Que sejam passíveis de nos capacitar, aperfeiçoar, que nos transmitam orgulho em ter participado nelas, que nos permitam dizer: - Valeu a pena!

Conviver não na perspectiva de "gastar" os últimos anos da nossa vida, mas, de os valorizar, de os tornar interessantes, produtivos, com foco na partilha de actividades mutuamente compensatórias. Vejo pois "TRANSiÇÔES" como uma iniciativa meritória em que pretendo colaborar.

Iniciar é fácil e terminar ou desistir, também. O difícil mesmo é manter. Julgo que todos teremos que fazer o nosso bocadinho para alimentar esta onda. Com entusiasmo, creio que não vai ser difícil.

Que medre esta iniciativa! Que medre!...

Mas, para tanto, é preciso regar a planta!


José Aleixo Dias [1]

[1] O autor escreve segundo o antigo Acordo Ortográfico