O dinheiro não precisa de encolher tanto

17-01-2023

Em 2017 num curso de investimentos foi apresentada a seguinte ideia, o dinheiro estica a vida não. Sem entrar na discussão em que circunstâncias poderão as duas asserções estar certas ou erradas eu prefiro dizer a vida e o dinheiro podem esticar ou em tempo de grande inflação talvez seja melhor dizer "o dinheiro não precisa de encolher tanto".

De acordo com o INE, a inflação em 2022, ou seja, o índice de preços no consumidor foi em Portugal de 7.8% o que tem sério impacto nas poupanças aplicadas ou estagnadas e na taxa de poupança.

O impacto da inflação nas poupanças aplicadas faz-se sentir quando as taxas de remuneração não a acompanham. Se, por exemplo, tivermos 10000€ em depósitos à ordem ou a prazo ao fim de um ano perderemos um pouco menos de 780€ em valor, ou seja, o nosso poder de compra foi reduzido para 9220€.

A taxa de poupança, ou seja, o valor em percentagem que se põe de lado em função do salário, pensão ou outros rendimentos é afetada pela inflação porque o crescimento dos salários e pensões não a acompanha.

É possível que o dinheiro não encolha tanto mesmo sendo conservador nos investimentos, ou seja, ter a garantia do capital investido e algum rendimento com a aplicação em Certificados de Aforro (Certificados) que são atualmente a melhor alternativa aos depósitos a prazo.

Os Certificados melhoraram significativamente a sua remuneração devido à subida da taxa Euribor a três meses, que evoluiu de valores negativos em 2022 para 2.178% em 04/01/2023, ver gráfico abaixo, https://www.euribor-rates.eu/pt/taxas-euribor-actuais/2/euribor-taxa-3-meses/

Os Certificados capitalizam trimestralmente e dependem da taxa Euribor a três meses, determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil do mês, para vigorar durante o mês seguinte, segundo a fórmula E3+1%, considerada a taxa base, em que E3 é a média da Euribor a 3 meses observados nos dez dias úteis anteriores. Da aplicação da referida fórmula não poderá resultar uma taxa base superior a 3.5%, nem inferior a 0%.

A taxa de juro bruta para novas subscrições e capitalizações de Certificados Série E é, em janeiro de 2023, de 3.088%. Os Certificados estão sujeitos a pagamento de IRS, à taxa de 28%, com retenção na fonte; por esse facto não é necessário incluir na declaração anual. Se a taxa de IRS for inferior a 28% a diferença poderá ser recuperada, no entanto recomenda-se que se analise se será vantajoso atendendo aos requisitos impostos.

Principais vantagens dos Certificados:

- Subscrições desde 100€ (máximo de 250 000€), por conta aforro, com valor nominal de 1€.

- Capitalização dos juros proporcionando crescimento exponencial do capital investido, ver simulação e cálculo em https://www.ctt.pt/feapl/app/open/certaforro/certAforro.jspx

- Resgate antecipado da totalidade ou em parte, antes do final do prazo de 10 anos. A única limitação, pouco significativa, é não ser possível fazer o resgate nos 3 primeiros meses após a subscrição.

- Prémio de permanência a acrescentar à taxa base referida anteriormente: 0.5% do início do 2º ano ao final do 5º ano; e 1% do início do 6º ano ao final do 10º ano, data em que receberá o capital aplicado e juros capitalizados.

Para informações mais detalhadas ver Portaria n.º 329-A/2017 e site do IGCP, https://www.igcp.pt/pt/menu-lateral/certificados-de-aforro/descricao/.

Nota: as séries A, B e C dos Certificados de aforro remuneram melhor do que os da série E, e caso necessite de resgatar use as séries mais recentes.

Paulo Correia