Porque não se cuida apenas com as mãos

"Porque
não se cuida apenas com as mãos. Cuida-se com o olhar, com a escuta, com o
tempo interno que aprende a esperar junto com o corpo do outro.
Ao acompanhar
alguém em fragilidade, nasce também uma outra parte em quem cuida: uma parte
mais atenta ao essencial.
Mais íntima do que
é passageiro. Mais capaz de sustentar silêncios sem perder a ternura.
Cuidar é deixar que
a dor do outro nos lembre da nossa própria humanidade: não como peso, mas como
elo.
A alma de quem
cuida também se transforma.
E essa
transformação, quando reconhecida, pode se tornar sabedoria a
serviço da vida."
Ana Claudia Quintana Arantes
Ao ler o texto anterior e conhecer a trajetória de Ana Claudia Quintana Arantes percebemos que estamos perante uma profissional que transformou o cuidado numa verdadeira filosofia de vida.
Médica geriatra e paliativista, escritora e palestrante, ela lembra-nos que cuidar vai muito além do gesto técnico: envolve presença, escuta e humanidade. A sua visão de que "a alma de quem cuida também se transforma" traduz a profundidade do vínculo entre quem acompanha e quem é acompanhado.
Ao fundar a Casa do Cuidar e criar o ecossistema ACQA, Ana Claudia multiplicou esse olhar compassivo, formando profissionais e sensibilizando famílias para os desafios da fragilidade, da doença e da finitude. Os seus livros, palestras e projetos — como a metodologia A.L.M.A. — inspiram, não apenas profissionais de saúde, mas todas as pessoas que buscam viver e morrer com dignidade, ternura e sentido.
Ana Claudia é, assim, uma presença transformadora: alguém que, ao falar de morte, nos ensina a valorizar ainda mais a vida.
Ana Paula Melo
Setembro de 2025