Cuidar e ser cuidado

11-08-2025

Cuidar e ser cuidado: Um Equilíbrio de Amor


Numa vida longa, já velhotes, lá se iam amparando um ao outro.

Com alguns apoios, na limpeza e refeições, tudo se encontrava organizado.

Até que uma doença muito grave apareceu e levou o meu pai em 5 semanas.

Então e agora?

A mãe com enorme dificuldade em andar,

Quase sem ver,

O que fazer?

Abrimos de imediato as portas da nossa casa,

Reorganizámos espaços,

Criámos o quarto para a minha mãe,

Tratámos de encontrar uma solução para apoio durante o dia.

E assim, volvidos 6 anos,

De coração, nos temos adaptado

Conseguindo gerir tudo num equilíbrio fantástico.

São 92 anos,

Ainda com boa cabecinha,

Mas agora totalmente invisual e em cadeira de rodas.

Num regime "tipo infantário",

Vai de manhã para o Lar onde, à chegada, remata sempre com a mesma pergunta "Então e logo, quem é que me vem buscar?"

Obtida a resposta positiva é sinal de que volta para casa ao fim da tarde,

O que não acontece quando nos temos de ausentar,

Pois, nesse caso, fica no Lar, pelo tempo necessário, em regime de internamento.

Muitos cuidados são necessários,

Idas a consultas,

Monitorização da diabetes,

Gotas nos olhos,

Creme no calcanhar esquerdo para prevenir o reaparecimento da escara.

Enfim…

Tudo se consegue quando reina o Amor.

Quem não se lembra da comoção sentida quando a educadora falava do filhote pequeno?

Pois é,

Por incrível que pareça, foi esse o sentimento que gerou as lágrimas que me escorreram pelas faces e fizeram com que me sentisse sensibilizada quando a Diretora do Lar me confessou que a aceitação da minha mãe tinha sido um caso de sucesso.

Recordo os tempos dos miúdos pequenos,

Da sua inscrição em várias atividades, nossa aposta para os ver crescer em conhecimento,

Na mesma linha, não já para aprender, mas para motivar,

A nossa Velhota vai à praia com o Lar,

Frequenta as terapias extra sejam elas Aromaterapia, Terapia com Animais ou Musicoterapia,

Embora, à noite, em casa, quando lhe perguntamos se a atividade correu bem, a resposta seja, a maior parte das vezes, "Não sei, não me lembro de terapia nenhuma"

Mas uma pista e outra lá ajudam a que se recorde e que nos conte algum pormenor mais marcante!!!!

Não é fácil, mas somos dois.

Entreajudamo-nos.

E tudo fazemos para manter este registo de "cuidador" em modo partilhado com o Lar que lhe presta assistência durante o dia.

E assim vivemos os três de coração cheio até que Deus queira!!!!

Ana Paula Costa Silva
10 de Agosto de 2025