Aprendendo a Confiar

Patins: a prenda de aniversário ideal para uma
mulher de 44 anos.
Experimentei andar de patins em criança: caí e desisti.
Experimentei andar de patins em adolescente: caí e desisti.
Agora experimentei e pensei: não vou conseguir. Vou cair e magoar-me a sério.
Não conseguia aguentar-me em pé.
Pedi ajuda e agarraram-me com força, não me deixaram cair.
Mas os traumas das quedas passadas foram-se acumulando no meu corpo.
Agora é muito mais difícil cair e levantar.
Então o que fiz? Atirei-me para o chão.
Obriguei o meu corpo a cair e a ter que se levantar: é só uma queda, está tudo
bem.
Aos poucos fui aprendendo a deslizar nos patins, descobrir novas formas de me
mover.
Estava novamente a aprender a andar tentando equilibrar-me, o corpo a
ajustar-se.
Comecei a ter uma sensação boa, de conseguir ultrapassar medos, desfrutar de
algo desconhecido e novo.
Transpus isto para a minha vida e percebi como limito o meu caminhar, tentando
controlar tudo e seguindo por caminhos conhecidos.
Como o medo do desconhecido limita as minhas opções e possibilidades.
Se me atrever a caminhar de forma diferente, posso encontrar novos rumos.
Se confiar na vida e me deixar levar por ela, terei grandes surpresas.
Mas se me deixar limitar pelo medo, não vou passar de um robot, repetindo as
mesmas acções, diariamente. Tentando controlar tudo, sabendo que não controlo
nada.
Tenho um mundo inteiro de possibilidades e milagres a acontecer lá fora e fico
trancada em casa por ser mais seguro.
Não quero envelhecer junto à lareira, quero experimentar tudo o que a vida tem
para me oferecer. A vida é muito generosa para quem se abre a ela. Só a esses.
Os corajosos.
Grata a todos vós: os corajosos!
Ana Ferreira
Outubro 2025