Vamos Viajar no Tempo …

07-09-2023

A ideia de viajar no tempo é fascinante e frequentemente explorada na ficção científica, mas, até agora, não temos conhecimento de nenhum meio prático ou cientificamente comprovado para fazê-lo na vida real. No entanto, podemos viajar no tempo de uma forma mais limitada através da memória, da história registada e da imaginação. Podemos explorar diferentes épocas e culturas através da leitura, da pesquisa e da contemplação, o que pode ser uma tarefa intelectual muito enriquecedora. Além disso, aproveite as histórias e filmes de ficção científica que exploram as possibilidades da viagem no tempo para entretenimento e reflexão. Se algum dia a viagem no tempo se tornar uma realidade, será uma descoberta incrível, mas por enquanto, estamos limitados às dimensões do presente.

Mas vamos ver como a Física nos pode ajudar a compreender o fenómeno e como se poderia explorar a possibilidade de viajar no tempo.

A viagem no tempo pode ser possível, afirma Stephen Hawking no seu último livro, argumentando que à luz do nosso conhecimento actual não podemos descartar tal possibilidade.

Hawking foi cautelosamente optimista. Então, onde isso nos deixa? Não podemos construir uma máquina do tempo hoje, mas poderíamos no futuro?

Nossa incapacidade de aceder ao "agora" de alguém distante no tempo está no coração das teorias de espaço e tempo de Albert Einstein

A Teoria da Relatividade de Albert Einstein é uma teoria fundamental da física que descreve a relação entre o espaço, o tempo e a gravidade. Esta divide-se em duas partes: a Relatividade Restrita e a Relatividade Geral. A Relatividade Restrita, publicada por Einstein em 1905, estabeleceu a famosa equação E = mc² e trouxe importantes implicações para a física.

A Teoria da Relatividade desempenha um papel fundamental quando se trata de especular sobre a viagem no tempo. No entanto, é importante notar que a teoria não oferece uma maneira directa de viajar no tempo, mas apresenta conceitos que são relevantes para o entendimento das implicações da viagem no tempo. Aqui estão algumas formas pelas quais a Teoria da Relatividade se aplica à especulação sobre viagens no tempo:

Dilatação do Tempo (Relatividade Restrita): A Relatividade Restrita prevê que o tempo não é absoluto, mas sim relativo à velocidade de um objecto em relação a um observador. Isso significa que, quando um objecto está em movimento em relação a outro, os relógios a bordo desse objecto parecerão estar a funcionar mais devagar em relação aos relógios do observador em repouso. Isto é conhecido como dilatação do tempo. Embora isso não permita uma viagem directa no tempo sugere que se viajássemos a uma velocidade próxima à da luz, o nosso tempo passaria mais lentamente em relação ao de alguém que permaneceu na Terra. Isso pode levar a cenários em que poderíamos envelhecer menos do que as pessoas na Terra.


Curvatura do Espaço-Tempo (Relatividade Geral): A Relatividade Geral descreve como a gravidade é uma curvatura do espaço-tempo causada por objectos maciços. Teoricamente, a curvatura do espaço-tempo poderia permitir a formação de buracos de minhoca ou outros fenómenos que, se controlados, poderiam ser usados para viagens no tempo. No entanto, encontrar e controlar tais fenómenos é altamente especulativo e ainda não foi demonstrado experimentalmente.

Paradoxos Temporais: A Teoria da Relatividade levanta questões sobre paradoxos temporais, como o Paradoxo do Avô, que surgem quando se considera a possibilidade de viajar no tempo. Por exemplo, se alguém viajasse de volta no tempo e impedisse seus avós de se encontrarem, isso levantaria questões paradoxais sobre a própria existência desse viajante no tempo.

Velocidade da Luz: Tanto a Relatividade Restrita quanto a Geral estabelecem que nada se pode deslocar mais rápido do que a luz no vácuo. Isso cria limitações fundamentais para a possibilidade de viajar no tempo, uma vez que uma viagem no tempo exigiria ultrapassar essa velocidade, o que a teoria não permite.

A ideia de viajar no tempo é uma das especulações mais intrigantes na ciência e na física teórica. Embora actualmente não tenhamos evidências sólidas que comprovem a viabilidade da viagem no tempo, existem várias teorias e conceitos especulativos na física que exploram essa possibilidade. Lembre-se de que essas são teorias em desenvolvimento e ainda estão sujeitas a debate e pesquisa contínuos. Algumas das ideias mais proeminentes incluem:

Buracos de Minhoca: Um dos conceitos mais conhecidos é o uso de buracos de minhoca, também chamados de pontes de Einstein-Rosen. (Albert Einstein e Nathan Rosen). Teoricamente, um buraco de minhoca seria uma estrutura no espaço-tempo que ligaria dois pontos distantes. Se fosse possível estabilizar um buraco de minhoca e controlá-lo, ele poderia teoricamente permitir viagens instantâneas entre esses pontos, o que alguns teóricos sugeriram poderia ser
usado para viagens no tempo.

Loop Temporal (Ciclos Fechados de Tempo): A ideia de um loop temporal envolve voltar ao mesmo ponto no espaço-tempo, criando uma trajectória fechada. Alguns físicos teóricos especularam que, sob certas condições, como a existência de buracos de minhoca ou singularidades de buracos negros, pode ser possível seguir um loop temporal que permitiria voltar ao passado. Essa ideia levanta questões sobre paradoxos temporais, como o Paradoxo do Avô, onde alguém poderia voltar no tempo e mudar eventos que levaram à própria viagem no tempo. 

Viagem à Velocidade da Luz e Distorção do Espaço-Tempo: A Teoria da Relatividade de Einstein sugere que viajar à velocidade da luz poderia causar distorções significativas no espaço-tempo, e algumas especulações teóricas exploraram a ideia de que, sob certas condições, uma nave espacial poderia criar um loop no espaço-tempo que permitiria a viagem no tempo. No entanto, isso também levanta questões sobre a necessidade de energia infinita para atingir essa velocidade.

Máquina do Tempo de Tipler: O físico Frank Tipler propôs um conceito conhecido como a Máquina do Tempo de Tipler, que envolve uma construção maciça giratória em forma de cilindro. Segundo a teoria de Tipler, se essa máquina fosse construída correctamente e girasse a uma velocidade suficientemente alta, ela poderia criar curvaturas no espaço-tempo que permitiriam a viagem no tempo.

É importante enfatizar que todas essas ideias são altamente especulativas e ainda não foram demonstradas experimentalmente. Além disso, elas frequentemente levantam questões sobre paradoxos temporais, como o Paradoxo do Avô, que desafiam nossa compreensão actual das leis da física.

Em resumo, a Teoria da Relatividade de Einstein é relevante para a discussão sobre viagens no tempo, mas não oferece uma solução directa ou prática para realizar viagens no tempo. A investigação em física teórica continua a explorar as implicações da relatividade e procura formas de compreender melhor o espaço-tempo e sua relação com a viagem no tempo, mas, até o momento, a viagem no tempo permanece principalmente no reino da ficção científica e da especulação.

Assim, aproveite as suas férias e viaje no seu tempo e no seu espaço e deixe o seu avô a descansar … ou viaje com ele!

É importante enfatizar que todas essas ideias são altamente especulativas e ainda não foram demonstradas experimentalmente. Além disso, elas frequentemente levantam questões sobre paradoxos temporais, como o Paradoxo do Avô, que desafiam nossa compreensão actual das leis da física.

Em resumo, a Teoria da Relatividade de Einstein é relevante para a discussão sobre viagens no tempo, mas não oferece uma solução directa ou prática para realizar viagens no tempo. A investigação em física teórica continua a explorar as implicações da relatividade e procura formas de compreender melhor o espaço-tempo e sua relação com a viagem no tempo, mas, até o momento, a viagem no tempo permanece principalmente no reino da ficção científica e da especulação.

Assim, aproveite as suas férias e viaje no seu tempo e no seu espaço e deixe o seu avô a descansar … ou viaje com ele!

João de Jesus Ferreira[1]

Cascais, 20 de Agosto de 2023

[1] O autor escreve, por opção pessoal, de acordo com a antiga ortografia.