Testemunho de Luísa Pires

08-09-2023

Não me querendo repetir, pois já escrevi no seio da Comunidade de Teatro e mais recentemente referi numa conversa solta com o José Lopes de Araújo, sobre como me iniciei no Teatro e quais foram as minhas motivações iniciais, em resumo a minha aventura iniciou-se há cerca de seis anos, tendo começado pela curiosidade de perceber o que prendia quem experimentava, sendo que eram vários os casos que conhecia de quem, de todas as idades, entrava para o Teatro e não mais saía.

Comecei por incursões simples e curtas, um Workshop de Leituras Encenadas durante quatro manhãs de sábado, outro de Iniciação ao Teatro durante um fim de semana completo, entre outros, tudo no primeiro ano, mas o que é certo é que o tal "bichinho" de que tanto se ouve falar ficou e em 2018 ingressei num grupo cuja atividade era anual com uma representação no final, ilustrativa do trabalho feito ao longo de nove a dez meses.

Tenho muitas e variadas sensações e sentimentos em relação a este curto percurso, boas e menos boas, mas sempre com um saldo positivo, tanto que apesar de há um ano ter mudado de grupo, mantenho-me na atividade.

As coisas boas, pelo menos para mim, passam pelas variadíssimas aprendizagens, desde a desinibição, o à-vontade, o desenvolvimento da criatividade, o desafio do pensamento, com o estudo de um texto e de uma personagem, o conhecimento de obras, alguma cultura, o treino de capacidades como a memória e a utilização da voz, mas acima de tudo a união de grupo, o coletivo, o convívio, as amizades, há muito da parte humana que dou e recebo nesta atividade.

Comigo levei amigos, amizades que mantenho e desenvolvi e outras que surgiram, que enriquecem a minha bagagem de vida.

As menos boas, mesmo assim, representando desafios e superações, como em tudo fazem parte e são ensinamentos, gerir relacionamentos e egos, controlar o medo da falha, da "branca" ou do engano, permitir-me ser vulnerável e tentar ser inteira e dar tudo, é difícil.

Finalmente o ato de pisar um palco não é de desvalorizar, não pela exposição ou notoriedade, pois são essencialmente a família e os amigos que nos presenteiam com a sua presença de espetadores incondicionais e para quem estamos sempre bem e que gostam sempre, de nos ver, mas pelo ato de coragem e pela conquista, é gratificante.

Sigo para mais um ano com enorme prazer e renovada vontade e energia de continuar o desafio, com tudo o que acarreta.

Deixo o testemunho das peças em que participei com um apanhado de imagens:

Massa Humana - Criação Coletiva

Sonho de Uma Noite de Verão de William Shakespeare

A Bisbilhoteira de Eduardo Schwalbach

Discrepâncias - Criação Coletiva

As Moiras de Manuel Jerónimo