Potenciar o incentivo à leitura

08-12-2021

Nos primeiros anos da minha vida profissional leccionei Português, estando incluídos vários livros do Plano Nacional de Leitura: Sophia de Mello Breyner Andersen, Luísa Ducla Soares, António Torrado, Maria Alberta Menéres, Maria Vieira, entre outros.

A leitura das obras seleccionadas realizava-se 1 ou 2 vezes por semana. Todos os alunos tinham o livro e a biblioteca escolar disponibilizava exemplares das obras obrigatórias aos alunos carenciados. Analisavam a capa e contra-capa para aprenderem a consultar o título, autor, editora, resumo da obra e dados biográficos do autor, por vezes nas badanas. A leitura podia ser iniciada pelo professor e saltitar pelos alunos. Em cada sessão era pedido o resumo do capítulo anterior. Terminavam com o preenchimento de uma ficha de leitura em que registavam toda a informação aprendida e davam a sua opinião sobre a obra.

A Biblioteca Escolar convidou alguns escritores para palestras dialogadas sobre as ferramentas para criar a obra e abordagens à sua leitura construtiva.

E os alunos vibravam com a leitura! Simplesmente, adoravam!

Daí a incredulidade acerca do panorama actual. Progride rapidamente um problema gravíssimo, havendo excepções, graças a Deus e aos Pais e Avós. A teia do computador, telemóvel, IPad alastra, aliciando as crianças e jovens para jogos, blogues e quejandos; basta ir a um restaurante para o confirmar. O público infanto-juvenil está a ler cada vez menos, afectando o seu desenvolvimento cognitivo, emocional, o sentido crítico, a criatividade, a memória e a concentração, factores essenciais nas aprendizagens futuras.

É urgente combater este panorama! A família e a escola têm um papel na reversão deste quadro.

A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade não sente esta sede. - Carlos Drummond de Andrade

 No PNL (Programa Nacional de Leitura) e nas livrarias há livros de poesia, história, ambiente e defesa do planeta, ciência, animais, fábulas, teatro, música, dicionários ilustrados e ou temáticos e sonho muito sonho, muita ficção. Ampliam assim o conhecimento sobre temas variados. Cultivam valores, incitam a imaginação e despertam a criatividade facilitando uma escrita mais rica e adequada a nível vocabular e de construção frásica.

Algumas pistas que poderão resultar, principalmente para os avós que têm mais tempo. Motivar os netos/netas a:

  • visitar livrarias e bibliotecas, conduzindo-os à secção do seu nível etário e deixando-os manusear os livros sobre temas preferidos;

  • contar uma história interessante, dando o modelo de ritmo, entoação, emoção e foco nas palavras-chave;

  • pedir para eles contarem a sua história preferida;

  • exemplificar a leitura;

  • solicitar-lhes que continuem;

  • perguntar se aprenderam palavras novas e explicar o seu significado ou acompanhar a consulta de um dicionário;

  • recontar a história;

  • opinar sobre a obra;

  • audição de CDs que acompanhem o livro;

  • criar desenhos e cartazes que ilustrem a ideia fulcral da obra;

  • visionamento de filmes com adaptações de obras conhecidas;

  • utilizar, de vez em quando, as tecnologias digitais onde se podem pesquisar histórias ou BDs, histórias de inventores, pintores, etc;

  • criar eventos temáticos, especialmente nas épocas festivas. Agora no Natal poderá acontecer um evento de poesia, de canções de Natal, dramatizações, escrita do melhor postal de Natal.

Livros de Natal aconselhados no PNL: Ninguém dá prendas ao Pai Natal de Ana Saldanha, O meu primeiro Natal de Margarida Fonseca Santos, Os três Reis Magos do Oriente de Sophia de Mello Breyner Andersen, O livro de Natal de José Jorge Letria, Os Animais do Natal de Luísa Ducla Soares, A Noite de Natal de Clement C. Moore, As mais belas histórias de Natal de Stefania Leonardi Hartley e muitos outros nas livrarias.


Lisboa, 17 de Novembro de 2021

Lurdes Aleixo Dias (1)

(1) A autora escreve segundo o antigo acordo ortográfico