Poesia # 47 - A poesia é um estado de espírito
A poesia é um estado de espírito
Não tem sexo
Não tem pai nem mãe
Apenas alguns irmãos que alguns ainda teimam em não reconhecer
A poesia é aquela amante que nos acompanha vida fora sem vontade de
nos deixar
Que nos chama lânguida e sensual umas vezes
Cândida e submissa outras
Violenta e cruel outras ainda
Que é capaz de todos os sentimentos próprios de uma amante
Persistente, voluntariosa, dedicada e apaixonante
Ah, poesia
Porque me chamas?
Porque te perfumas e me apareces assim
Sedutora, irresistível…?
É certo que encontro em ti um porto de abrigo
Uma confidente
Um afago quente quando preciso
Mas despertas em mim sensações tão fortes que me oprimes
E torturas-me e abanas-me violentamente
Até arrancares de mim os meus segredos mais secretos
Desnudas-me
E oprimes-me
E chego a ter medo de ti
Por te saber tão superior, tão sublime
Mas, senhora,
A teus pés me rendo uma vez mais
Perdoa as palavras em desalinho
E a voz rouca de ter acordado ainda agora
Mas chamaste
Aqui estou
Desnuda-me outra vez