O Alojamento Sénior em Portugal
			            
O Alojamento Sénior em Portugal
Portugal está a passar por um rápido envelhecimento da população, hoje com quase um quarto dos seus habitantes com mais de 65 anos e uma projeção de mais de 35% até 2050. Este aumento da esperança de vida traz desafios significativos, especialmente na área da habitação. Os idosos de hoje procuram mais autonomia, bem-estar e qualidade de vida, preferindo espaços que ofereçam conforto, acessibilidade e apoio, em vez dos lares tradicionais.
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Modelos de Alojamento Sénior e Tendências
O Alojamento Sénior é um modelo que busca combinar a independência dos idosos com serviços personalizados. Embora a oferta em Portugal ainda seja limitada e focada em lares tradicionais, estão a surgir novos modelos.
Alguns dos modelos que estão a aparecer incluem:
- Cohousing e Coliving Sénior: Comunidades onde os residentes vivem em casas ou apartamentos privados, mas partilham espaços comuns como jardins e salas de convívio. O objetivo é combater a solidão e promover a ajuda mútua e o envelhecimento ativo. O cohousing e o coliving são conceitos que estão a ganhar popularidade, mas a oferta é ainda incipiente. No entanto, já se encontram alguns exemplos e projetos:
- Vivenza - Senior Living: Este é um exemplo de cohousing sénior localizado no Norte de Portugal, na Póvoa de Lanhoso. O modelo foca-se na vida comunitária, promovendo a interação social, a autonomia e um estilo de vida ativo.
- LIBERVITA SENIOR CO-LIVING: Localizado em Alcabideche, Lisboa, este é um projeto de coliving onde os residentes vivem em "villas" individuais (T1), mas têm acesso a serviços e espaços comuns. A associação Hac. Ora Portugal | Senior Cohousing Association é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo divulgar o conceito de habitação colaborativa e promover a criação de habitats para idosos ativos. Além disso, existem cooperativas de habitação com projetos em estudo na área sénior.
- Residências Sénior Partilhadas: Programas em alguns municípios que promovem a partilha de residências.
Este modelo, muitas vezes apoiado por municípios, visa combater a precariedade habitacional e o isolamento dos idosos. Alguns exemplos:
- Município do Porto: A Domus Social, no Porto, tem o projeto "Residências Sénior Partilhadas", que já criou 11 residências para cerca de 30 idosos. Nestas residências, os idosos não pagam renda, apenas as despesas de água, luz e televisão, e têm acesso a apoio domiciliário e outros serviços.
- Município de Gaia: O município de Gaia implementou um projeto-piloto com o mesmo nome para combater o isolamento social e a precariedade habitacional. A segunda residência partilhada foi entregue na Madalena, após o sucesso da primeira experiência em Vilar de Andorinho.
- Município de Pombal: Em Pombal foi inaugurada a primeira habitação colaborativa para idosos em Portugal. Este projeto de oito casas, que podem acolher até 17 pessoas, aposta na autonomia e na vida em comunidade.
- Partilha de Casa Intergeracional: Iniciativas que juntam idosos e jovens estudantes universitários, combatendo o isolamento dos idosos e oferecendo habitação acessível aos jovens. Exemplos destas iniciativas são o site Partilha Casa e o Une Idades.
Há uma tendência crescente para a incorporação de critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) no desenvolvimento de alojamentos para idosos. Isso inclui a criação de edifícios sustentáveis, espaços que incentivam a convivência e uma gestão transparente.
Diferença entre Alojamento Sénior e Lares Tradicionais (ERPI)
É importante notar a distinção entre os novos modelos de Alojamento Sénior e os lares tradicionais:
- O Alojamento Sénior é projetado para idosos mais ativos que desejam viver de forma independente, mas com acesso a serviços opcionais como atividades, cuidados médicos e apoio diário.
- Os Lares (ERPI - Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas) são destinados a pessoas que precisam de cuidados permanentes e são regulamentados pelo Estado, com forte presença de Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS).
Apesar do surgimento de novos modelos, a oferta em Portugal ainda é limitada, com poucas opções de residências assistidas, cohousing ou apartamentos com serviços partilhados. Os preços no setor privado (entre 1.500 e 3.000 euros por mês) também são um obstáculo para a maioria dos aposentados portugueses.
Plataformas de Aconselhamento
Existem plataformas que atuam como intermediários para ajudar a encontrar a solução de alojamento mais adequada, muitas vezes gratuitamente. Exemplos incluem:
- Via Sénior: Um portal de informação e aconselhamento especializado que ajuda famílias a encontrar a melhor opção, permitindo comparar preços, vagas e serviços.
- Casas Sénior: Uma plataforma que oferece aconselhamento e orientação na escolha de residências para idosos. Prometem acompanhamento personalizado para encontrar a residência geriátrica ideal.
Nota Final:
Portugal precisa urgentemente de diversificar a sua oferta de alojamento para idosos, criando soluções mais acessíveis e inovadoras. Só assim será possível garantir que os idosos possam envelhecer com dignidade, autonomia e segurança, num verdadeiro lar, e não apenas num espaço de assistência.
Ana Paula Melo
Setembro 2025
* Este documento foi elaborado com base num artigo "O Alojamento Sénior em Portugal" de Gonçalo Carvalho Miguel e de informação partilhada na sessão de Tertúlia sobre este tema.
