Medos

Os medos são uma parte central na vida humana. Não são apenas emoções, mas padrões profundos que afetam a nossa mente, o corpo e a forma como nos relacionamos com o mundo.
Podem-se manifestar de diversas
maneiras:
- como uma sensação de aperto no peito ligada à ansiedade, angústia,
- como um murro no corpo,
- como o medo no estômago, a dor na mandíbula ou a vergonha no peito.
Podem esconder-se atrás da raiva, da tristeza ou do orgulho, que muitas vezes esconde o medo de ser visto como fraco, indigno ou comum.
Insegurança e competição geram sofrimento, sendo a insegurança, também, outra forma de medo escondido.
Muitas vezes, no processo de acelerar ou reter a respiração, oscilamos entre emoção e reacção, entre desejo e aversão, e o medo está presente.
Mas também existem medos subtis, como o medo de morrer, de desaparecer, de ser esquecido, de não existir, de não ser nada, do vazio. Ou o medo de deixar ir, de perder o controlo. Presenças silenciosas, constantes que drenam a energia e enfraquecem o coração.
Com o medo tendemos a contrairmos, a tornar-nos rígidos, endurecermo-nos, e só o que nos pode suavizar é a liberdade e compaixão.
Ao observarmos o medo, sem nos envolvermos, ele perde força, e a mente liberta-se. Aquilo a que resistimos fortalece. Aquilo que observamos enfraquece.
Numa observação, aceitação e rendição radical, o medo perde o seu poder, porque não há mais nada a perder. O medo, em vez de inimigo, torna-se um sinal para voltarmos ao presente.
E no presente não há medo.
Inês Melo
Outubro 2025