Matéria de Poesia

Eu sou da terra do Manoel de Barros. Sua obra se opõe ao que é considerado convencional, grandioso e mercantil. "Matéria de poesia" é, nesse contexto, um livro que subverte essas ideias, sendo um contraponto ao que a sociedade costuma desvalorizar. Esta edição tem o prefácio escrito por Mia Couto e ilustrações tiradas do acervo pessoal do autor. Lançado originalmente em 1974, este livro revela a essência da arte de Manoel, caracterizada por versos que se configuram como frases ritmadas e enraizadas na observação atenta do que se considera trivial. A obra inicia com a afirmação: "Todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe à distância servem para poesia." A substância da poesia consiste na união de palavras e objetos. Quase como um manifesto, os poemas coletados nesta obra conectam seres e coisas que, à primeira vista, pareceriam irreconciliáveis. Este é um dos trabalhos mais significativos de Manoel, onde se ressalta a cuidadosa manipulação da linguagem e o olhar atento para os detalhes da natureza, descritos como se fossem vistos pela primeira vez. Como o próprio poeta afirma: "As coisas jogadas fora têm grande importância".
Para ler com calma e, de preferencia, deitado ou esparramado, num tapete ou areia da praia.

Claudia Girelli