A mim o que me está a ralar mais, é não ter cigarros!...
Sacadura Cabral para Gago Coutinho, quando dois tubarões se aproximavam dos restos do avião Lusitânia, despenhado no mar junto à costa do Brasil durante a travessia do Atlântico Sul - Junho de 1922.
A dependência do tabaco, do café, ou de outros produtos estimulantes ou relaxantes pode provocar comportamentos bizarros quando essa substância está em falta, ou se suspeite que seja escassa. Mesmo estando disponível no momento, a perspectiva de que possa vir a faltar pode ser suficiente para elevar o stress e causar ansiedade, irritabilidade e até conflitos. Por outro lado, quando se vivem situações stressantes, preocupamo-nos com coisas aparentemente menores, mas que, influem no nosso discernimento, juízo crítico e bem-estar.
Recordo-me que quando há uns anos houve uma escassez de tabaco entre nós, pessoa amiga que tinha conseguido arranjar um pacote de maços de tabaco Fortuna vindos de Espanha, continuava ansiosa com medo de que não se conseguissem arranjar mais.
Nos blocos operatórios de longas cirurgias, como a de transplante cardíaco, não é infrequente usar-se uma música de fundo relaxante. A sua falta pode causar impacto negativo em equipas habituadas a esse ambiente. A música é uma componente menor da cirurgia, mas, nem por isso, deixa de ser relevante para o resultado da mesma.
As pequenas coisas, positivas ou negativas contam, influenciando a nossa decisão. Por exemplo: sabemos que as portas /gates dos voos da TAP/Air Portugal nos terminais internacionais estão quase sempre longe, obrigando frequentemente a transfers e penosas caminhadas. Contudo, quando entramos naquele avião, houve-se falar português e sentimos que estamos em casa! (detalhe positivo). Porém, se habitualmente costumavam servir uma refeição/snack decente, ultimamente o pãozinho que distribuem vem gelado (detalhe negativo). São pequenos, mas importantes detalhes no momento da escolha de um voo.
Nas mensagens que escrevo, uso invariavelmente a abrir um cumprimento: "Bom dia!" "Boa tarde!" ou "Boa noite!" antes de abordar o assunto das mesmas. Num tempo em que se escreve o mínimo possível e às vezes com siglas, memes, hashtags ou emogis, admito ser um pouco wordy, mas já várias pessoas me transmitiram que apreciam esse cumprimento, tendo algumas delas optado por adoptá-lo.
Uma toalha de pano na mesa, uma camisa bem passada, uma fronha limpa e fresca, um bombom ou uma flor, são detalhes que fazem a diferença e nos sabem bem. Traduzem higiene, cuidado, carinho e amor. Por isso os apreciamos tanto!
Voltando à cardiologia e ao exemplo que usei, cito a terminar o Prof. Manuel Antunes:
- Já abri 45.000 corações e nunca lá encontrei amor.
Eu acho que ele vai ter de abrir mais!...
José Aleixo Dias (1)
(1) O autor escreve seguindo o anterior acordo ortográfico