John Grisham, o meu advogado preferido

14-04-2021

Tenho sempre como todos nós, uma lista de espera de livros. Amontoam-se ao lado na secretária ou deferentemente estão colocados numa segunda fila avançada da estante. Ficam ali meses a fio à espera de serem lidos, de vez em quando passam-nos pelas mãos na vã esperança de que é hoje que o vamos começar mas rapidamente são secundarizados por um livro técnico de que precisamos ou uma série que nos seduziu ao ponto de ficarmos flixodependentes.(de Netflix)

Há porém um punhado de escritores que ao longo da vida nos vão conquistando e que cada um com seu espaço, são leituras que passam com total prioridade à frente da lista de espera e são companhia para uma viagem, uma noite de insónia ou um dia de praia, seja na versão mais volumosa seja numa mais pequena e prática edição de bolso. Um desses escritores, popular é certo (350 milhões de exemplares vendidos em 50 línguas e quase vinte filmes feitos com base em livros seus) mas com qualidade, que me prende pela narrativa e pelo conhecimento apurado do sistema judicial norte-americano é John Grisham. Foi advogado vários anos, até que em 1989 deixou os tribunais e publicou "Tempo de matar" o seu primeiro romance e best-seller, logo passado ao cinema ,seguido de "A Firma" que vimos nos écrans com Tom Cruise no principal papel e desde aí nunca mais parou. Criou na verdade um género dir-se-ia de "thrillher jurídico" por onde passam as grandezas e misérias do sistema judicial norte-americano do tribunal da cidade mais pequena ao Supremo, das cadeias de província ao corredor da morte, do papel dos DA (District attorney-Ministério Público)ao Juíz e aos jurados passando pelas mafias e pelo jogo, pela lavagem de dinheiro nos paraísos fiscais e nos grandes escritórios que são autênticas agências dessas lavandarias.

As tramas são bem urdidas, a narrativa fluida,clara,imagética tal como se estivéssemos a ver o filme a passar na nossa mente com tal beleza e detalhe que tenho sempre medo de depois ver as adaptações ao cinema dos livros dele para não me desiludir.Não perdi um único livro dele e às vezes de tantos que são tenho já dificuldade em recordar-me a que história se refere. Grisham que me recorde apenas fez duas excepções ao género em que se especializou, foi com "The bleachers" (li a versão em inglês, em Português deve ser a bancada ou algo assim ,(as bancadas dos estádios universitários em madeira branca) e o Skipping Christmas (em Português O Natal de Mr.Krank também passado ao cinema) este último uma deliciosa comédia que nos faz rir do princípio ao fim.

De todos os livros de Grisham talvez o que tenha gostado mais, tenha sido o Dossier Pelicano (um dos primeiros da sua obra e também já passado ao cinema).

Ainda não li os que escreveu em 2020 o "Camino Winds" e a "Time for Mercy" já editados nos Estados Unidos. Se não saírem em Portugal até ao Verão mandarei vir pela Amazon e lerei em inglês o que nunca é a mesma coisa por melhor que se domine a língua. Já li o Grisham em Francês, em inglês e até em italiano, comprado em Aeroportos à falta de alternativa e por não resistir à atracção. E recuso-me a ler no kindle. Será então leitura para a praia em versão papel se a pandemia deixar.

Até lá Mr. Grisham uma das 100 maiores fortunas segundo a Forbes, facturou em 2015 18 milhões de dólars terá já publicado mais um. Como percebo que tenha deixado a advocacia...

Ele tem certamente mais prazer agora e dá-nos também mais prazer. Irei modestamente ajudando-o a acumular esses milhões...e com gosto. 


José Lopes de Araújo