Humanos de companhia e carinhos de estimação

11-05-2021

Diversos estudos realizados na área da saúde humana proporcionaram evidência científica de que os animais de estimação podem influenciar a saúde física e emocional dos humanos, minimizar a depressão e melhorar as interacções sociais.

A força da evidência foi tão marcada relativamente à doença cardiovascular que, em 2013, a American Heart Society sublinhou que os animais de companhia, em particular de cães, podem contribuir para a diminuição do risco de doença cardiovascular.

A relação de cumplicidade humano/animal está documentada em gravuras pré-históricas desde há cerca de 36.000 anos. Na Odisseia de Homero, quando Ulisses regressa a casa, disfarçado de mendigo, após 20 anos de batalhas, o seu palácio encontra-se ocupado por pretendentes que desejam a mão da sua esposa, Penélope. Nenhum humano o reconhece. Apenas seu cão, Argos, não se deixa enganar.

Embora o papel dos animais de companhia na vida humana varie de acordo com a região do Mundo, estes têm um papel importante na sociedade, e os laços afectivos criados são mutuamente benéficos e essenciais para a saúde e bem-estar de ambas as partes.

Alguns animais de companhia, nomeadamente os cães, têm capacidade para identificar determinadas patologias como a diabetes e a doença oncológica, estando inclusivamente a ser efectuados estudos para explorar essa possibilidade na detecção de COVID-19.

Para as crianças, a posse de um animal de estimação pode trazer benefícios cognitivos e educacionais, e nos adultos estão descritas melhorias nos parâmetros cardiovasculares e na diminuição da solidão.

Apesar de todos os benefícios elencados, os animais estão ao cuidado de seres humanos, dependendo quase completamente destes quanto à forma como são tratados, e experienciam uma variedade de fatores que podem afetar o seu bem-estar.

Uma vez criada a relação de confiança, os animais são fiéis, leais e dedicados, características que nem sempre se verificam nos humanos. Tomamos conhecimento todos os dias de situações de abuso, incúria, maus tratos e abandono. Para além da revolta e tristeza que estas atitudes desencadeiam, revelam igualmente uma insensibilidade e desprezo que urge combater.

Se ainda não o fez, sugiro-lhe que adopte um animal.

Sim! Ele irá fazer-lhe uns "estragozinhos" lá em casa mas..., os benefícios superam largamente os riscos!

Béu! Béu!...


José Aleixo Dias (1)

(1) O autor escreve seguindo o anterior acordo ortográfico