Happiness, Health, Honesty Felicidade, Bem-Estar, Autenticidade

26-11-2021


A primeira vez que ouvi falar desta tríade foi pela voz de Amy Edmondson. Pareceu-me uma forma original de olhar para a correlação de três conceitos que podem fazer a diferença na vida das pessoas e das empresas:

  • Happiness (Felicidade);

  • Health (Bem-estar);

  • Honesty (prefiro traduzir por autenticidade).

A felicidade gera, normalmente, bem-estar e uma vida saudável gera, normalmente, felicidade. Sempre admirei aqueles que, apesar da doença e do sofrimento físico, conseguem ser felizes. São exemplos de coragem que devíamos todos seguir. Por outro lado, pessoas felizes estão, normalmente, mais predispostas a adotar estilos de vida mais saudáveis e a fazer desporto. Não quero com isto dizer que a felicidade se alcança através de uma refeição saudável ou de uma corrida ao ar livre. Sabemos bem que a felicidade está muito para além disso. Apenas quero realçar que essas práticas geram normalmente algum tipo de felicidade.

Passando ao terceiro "H" (Honesty) verificamos também que o mesmo está intimamente ligado ao primeiro (Happiness) e ao segundo (Health). Na realidade, será possível alcançar a felicidade através da mentira ou da hipocrisia? Sabemos bem que não. Só através da verdade, que em contexto empresarial significa, entre outras coisas, dar feedback verdadeiro e promover políticas justas e equilibradas, podemos promover a felicidade dos colaboradores. Promover uma cultura de autenticidade nas empresas é difícil e exige muito tempo e determinação.

Mas o "H" de autenticidade (Honesty) também está ligado ao "H" de Health. Na realidade, nunca conseguiremos ter uma vida saudável se fizermos batota... ou se quiserem, não vale a pena tentar "enganar a balança" ou falsear as regras do jogo. Talvez também por isso se fale tanto em "verdade desportiva". O juramento que os atletas olímpicos fazem é disso o melhor exemplo e deve ser visto como um paradigma de honestidade/autenticidade num contexto altamente competitivo como são os jogos olímpicos ou a vida das nossas empresas.

E como podemos aplicar estes princípios quando a nossa vida está numa fase de TRANSIÇÕES? Se encararmos essas transições, mesmo que dolorosas ou incertas, com alegria estaremos mais bem preparados para enfrentar os desafios que as mesmas podem representar para as nossas vidas e, desta forma, sentirmo-nos melhor e mais autênticos.

Podemos perguntar como se pode encarar a doença, por exemplo, com alegria. A resposta direta é: impossível! Mas será? Perante a violência de uma doença, sobretudo se for fatal ou estiver em fase terminal, acredito que se encontrarmos um resto de felicidade no imenso mar de tristeza e desalento, encontraremos forças para resistir ou, pelo menos, para sofrer menos. E, ao fazê-lo, estaremos a promover o nosso bem-estar (Health) através da nossa felicidade (Happiness). Os dois "H" juntos dar-nos-ão ânimo e esperança. Fui testemunha do poder desses dois "H" ao acompanhar a minha Mãe numa fase terminal de um cancro com o qual lidou durante dois anos e meio. Entre muitos outros legados, deixou-me este lindíssimo exemplo de que nunca podemos abandonar a Felicidade e que na noite escura do sofrimento, quando a Felicidade não chega até nós, somos nós que devemos ir em seu auxílio, procurando-a e fazendo-a renascer nas nossas vidas.

Podemos também perguntar como pode a tríade de Amy Edmondson ajudar-nos num processo de transição, especialmente se for violento e doloroso como os que decorrem de um despedimento, por exemplo. Também aqui os "H" nos podem ajudar. Encarar as causas e os efeitos dessa transição com autenticidade (Honesty) pode ajudar-nos a encontrar esperança onde há desalento ou, se quiserem, felicidade (Happiness) onde há tristeza. Encontrar respostas dentro de nós próprios sobre porque fui despedido ou selecionado para um programa de pré-reformas, pode dar-nos pistas para encarar o futuro não como uma fatalidade, mas como uma oportunidade para nos desafiarmos a nós próprios e, ao fazê-lo, iremos certamente descobrir caminhos para nos reinventar e sermos mais felizes.

Encarar as nossas TRANSIÇÕES sejam elas quais forem socorrendo-nos dos três "H" de Amy Edmondson abrir-nos-á outros horizontes e fará de nós pessoas mais felizes, saudáveis e autênticas.

Diogo Alarcão

Link to Leaders - Agosto 2019

(Adaptado para TRANSIÇÕES em Novembro, 2021)