Criatividade

A ponte para a resolução dos desafios na nossa vida
Todos nós sentimos e enfrentamos no dia a dia do nosso caminho na vida, dificuldades, desafios, problemas, desencontros, desilusões, frustrações, arrependimentos, perdas, sofrimento, tristeza, raiva, deceções, dores, vontade de desistir e por vezes muito cansaço.
Em consequência, vamos ficando por vezes com pouca energia para conquistarmos o que queremos atingir, ter, sentir, usufruir e desfrutar, ou para vivermos relações harmoniosas, saudáveis e construtivas com os outros que nos rodeiam e com o mundo em que vivemos.
Stephen Karpman, psiquiatra e psicoterapeuta norte-americano estudou e sistematizou em 1968 um modelo social muito comum a que chamou Triângulo dramático, que mapeia um modelo de interações humanas destrutivo, que pode ocorrer entre pessoas em conflito que assumem ciclicamente papéis de vítima, de salvador e de acusador, consoante a situação, concentrando-se no problema e não na solução do problema:

No Triângulo Dramático existe um foco no problema, fundamenta-se na comparação e posicionamento de que uns são mais do que os outros, em que sentimos que somos mais ou menos consoante o contexto e o tipo de relação que temos com o(s) outro(s). Este tipo de relação baseia-se na culpa, no medo de sair da zona de conforto, na insegurança e não é assumida a autorresponsabilidade de cada um pelos resultados que se atingem ou não na vida. Sendo considerada uma atitude infantil do adulto, baseia-se no julgamento de Bom e Mau, Certo e Errado, Culpado e Inocente. Este modelo de interação humana não resolve o problema, sendo o guião modelo base de filmes, telenovelas, dramas, teatro, etc. que prende o espetador eternamente.
Posteriormente Fernando Freitas, IASC (International Academy of Systemic Consciousness) sistematizou, por oposição ao triangulo dramático, o Triangulo da realização, cuja dinâmica pode ser usada por todos nós para resolver conflitos e ultrapassar desafios e conquistar os nossos desejos e objetivos, recorrendo à criatividade para encontrar soluções e a potencialidade para a ação que todos temos dentro de nós:

No Triângulo da Realização existe um foco na solução e no objetivo a atingir, fundamenta-se no posicionamento de que somos todos iguais e diferentes, sendo assumida a autorresponsabilidade de cada um pelos resultados que se atingem ou não na vida. Este tipo de relação baseia-se no entusiasmo, no prazer e na coragem de desafiar o desconhecido, acreditando na própria criatividade e na capacidade de iniciar um caminho. Existe maturidade para uma aprendizagem com os erros cometidos e para a escolha de um caminho diferente para se atingir o mesmo objetivo, ou em alternativa, se optar por outro objetivo mais compatível com as nossas capacidades e potencialidades no momento presente. É considerada uma atitude adulta que recorre à criatividade infinita da nossa criança interior, à sabedoria acumulada do nosso adulto e à potência e à capacidade de ação do adulto de agora.
Esta postura na vida leva-nos a encarar cada problema como a oportunidade de crescer, de evoluir e de colocar em prática os dons, as capacidades e as qualidades com que nascemos e que adquirimos durante a vida. Escolhemos conscientemente acreditar em nós próprios, recorrer à nossa criatividade e viver em função dos nossos desejos e propósito no mundo, em vez de optarmos por ser vítimas da vida a viver em função dos nossos medos e inseguranças. Podemos deste modo viver o melhor possível com autenticidade, sermos mais felizes e criamos uma sociedade mais com mais empatia, cooperação, partilha, amor e paz.
Sílvia Viegas
05 de Julho de 2025