Aprende a responder em vez de reagir

02-04-2022

"Learn how to respond not react" é uma história inspiradora sobre o sermos responsáveis pelo que nos acontece e agarrarmos o rumo das nossas vidas.

Neste artigo de Novembro de 2016, Dr Marshall Goldsmith, coach americano na área de liderança, fala-nos de liderarmos as nossas vidas usando uma pequena história budista como metáfora.

Aqui o artigo, traduzido por mim. (tradução livre de Hélia Jorge)


Uma das minhas histórias preferidas é uma lição sobre tomar a responsabilidade pelas nossas vidas. É sobre aprender a responder em vez de reagir quando somos confrontados com a "vida". Ouvi esta simples história Budista há muitos anos, e reza assim:

Um jovem camponês subia o rio remando vigorosamente. Coberto de suor, conduzia o seu barco, rio acima, para entregar o seu produto na aldeia. Estava um dia quente, e ele queria entregar a sua mercadoria e regressar a casa antes do anoitecer. Ao olhar em frente, viu outra embarcação deslocando-se rapidamente rio abaixo em direção ao seu barco. Remou furiosamente para sair do caminho mas não parecia estar a dar resultado.

Então gritou:

"Mude de direção! Vai embater contra mim!"

Mas o barco continuou a vir direto na sua direção até que embateu contra o seu barco num violento baque.

O jovem gritou:

"Seu idiota! Como é possível que venha embater contra mim neste rio tão largo?"

Ao olhar para o barco, procurando o indivíduo responsável pelo acidente, percebeu que não havia ninguém no barco. Ele tinha estado a gritar para um barco vazio que, sem amarras, vinha a descer o rio com a corrente.

O interessante é que nós nos comportamos de uma determinada forma quando acreditamos que há outra pessoa no comando. Nós culpamos essa estúpida e descuidada pessoa pelo nosso infortúnio. Ficamos zangados, atribuímos culpas e fazemos de vítimas. Noutras palavras, não estamos comprometidos de uma forma positiva connosco próprios, mas numa forma negativa e defensiva que não melhora em nada a nossa situação!

Agimos de uma forma mais calma quando sabemos que o que vem contra nós é um barco vazio. Sem nenhum bode expiatório, não ficamos chateados. Ficamos em paz com o facto de que o nosso infortúnio foi o resultado do destino ou do azar e fazemos o nosso melhor para resolver a situação, Podemos até rir do absurdo de um barco aleatório e não tripulado encontrar uma maneira de embater contra nós numa tão grande quantidade de água.

O desafio para todos nós é reconhecer que não há nunca realmente ninguém no outro barco. Estamos todos a gritar para um barco vazio. Um barco vazio não está a investir contra nós. Nem estão todas as pessoas que criam as notas azedas da banda sonora do teu dia. Se começarmos a tratar todos os barcos como vazios não teremos outra escolha senão 1) aceitar a situação 2) mudar o que está ao nosso alcance

É nossa a decisão de como vamos reagir aos barcos vazios das nossas vidas. Podemos gritar aos barcos vazios e aguentar a colisão ou escolher sair do caminho da melhor forma que conseguirmos, aceitando o que acontecer, e dando o nosso melhor para continuar o nosso caminho ao longo do rio.

Dr Marshall Goldsmith 



O original aqui

One of my favorite stories is a lesson about taking responsibility for our own lives. It is about learning to respond rather than react when we are confronted by "life". I heard this simple Buddhist story many years ago, and it goes like this:

A young farmer paddled his boat vigorously up river. He was covered with sweat as he paddled his boat upstream to deliver his produce to the village. It was a hot day, and he wanted to make his delivery and get home before dark. As he looked ahead, he spied another vessel, heading rapidly downstream toward his boat. He rowed furiously to get out of the way, but it didn't seem to help.

He shouted, "Change direction! You are going to hit me!" The boat came straight towards him anyway. It hit his boat with a violent thud. The young man cried out, "You idiot! How could you manage to hit my boat in the middle of this wide river?"

As he glared into the boat, seeking out the individual responsible for the accident, he realized that there was no one. He had been screaming at an empty boat that had broken free of its moorings and was floating downstream with the current.

The interesting thing is that we behave one way when we believe that there is another person at the helm. We blame that stupid, uncaring person for our misfortune. We get angry, act out, assign fault, and play the victim. In other words, we are not engaged in a positive way for ourselves, but in a negative and defensive way that makes nothing better!

We behave more calmly when we know that what is coming towards us is an empty boat. With no available scapegoat, we don't get upset. We make peace with the fact that our misfortune was the result of fate or bad luck and we do our best to rectify the situation. We may even laugh at the absurdity of a random unmanned boat finding a way to collide with us in a vast body of water.

The challenge for all of us is to recognize that there's never really anyone in the other boat. We are always screaming at an empty vessel. An empty boat isn't targeting us. And neither are all the people creating the sour notes in the soundtrack of our day. If we start treating all boats as empty, we will have no other choice but to 1) accept what is and 2) change what we can change.

It is up to us to choose how we react to the empty boats in our lives. We can either yell and scream at the empty boats and endure the collision or choose to get out of the way the best we can, accepting what happens, and do our best to continue on our way along the river.


Dr Marshall Goldsmith 29/11/2016


Fotografia de Hélia Jorge