A minha Criatividade

A minha criatividade: um percurso de descoberta e superação
Pediram-me que escrevesse algumas palavras sobre a minha criatividade e de onde vem a inspiração para os trabalhos que tenho realizado ao longo do tempo. Vou tentar, através da escrita, partilhar como surgem as ideias, o que me inspira e como dou início a cada projeto.
Acredito que este gosto nasceu ainda em criança. Sempre gostei de desenhar, mas por ironia do destino — e talvez por falta de orientação, na altura — em vez de seguir Belas Artes, acabei por frequentar um curso industrial. No entanto, a arte nunca desapareceu completamente de mim.
Foi já perto da idade da reforma que decidi retomar esse gosto adormecido, começando por pequenas pinturas a óleo, sobre madeira e tela. Com o tempo, senti necessidade de mais cor e também quis evitar os odores fortes das tintas a óleo e dos diluentes. Assim, comecei a pintar com tintas acrílicas. A partir desse momento, o processo criativo começou a ganhar força: sabia o que queria pintar, como o fazer e que cores usar com mais destaque.
Comecei pela natureza morta, ideal para exercitar o uso da cor. As flores captavam facilmente a atenção dos meus amigos.

Depois, surgiram as paisagens.

Mais tarde, experimentei o carvão, o que me ajudou a trabalhar melhor os contornos dos rostos e a perceber a importância das sombras para dar profundidade ao desenho.

A transição para retratos pintados, com tintas acrílicas, surgiu naturalmente. Alguns desses rostos foram feitos em estilo abstrato, com cores fortes e quentes. E foi aí que comecei a explorar diferentes ideias e técnicas, sempre com o objetivo de aprender e, acima de tudo, de gostar do que fazia.

Num dado momento, perguntei-me: "E se tentasse algo mais digital?" Decidi experimentar pintar rostos em estilo vetorial no computador. Estudei vários programas e, apesar de os primeiros resultados não terem muito encanto, com persistência fui melhorando, e alguns trabalhos agradaram bastante a quem os viu.

Certo dia, numa visita ao Parque Güell, em Barcelona, fiquei maravilhado com a arte feita em azulejos. Isso inspirou-me a criar os meus próprios trabalhos, com pedaços de azulejo colorido. Comecei a aplicá-los em vasos e em painéis de parede, que emoldurei. Hoje, muitos desses trabalhos fazem parte da decoração de halls de entrada e garagens, tanto na minha casa, como na de amigos.

Também ao visitar um museu, fiquei fascinado com obras feitas em madeira. Como sempre gostei de trabalhar esse material — talvez por influência do meu pai, que era carpinteiro — decidi experimentar algo semelhante. Criei painéis feitos com pequenos cubos de madeira pintados, que resultaram em composições visuais muito apelativas. Senti que era mais uma conquista pessoal: algo diferente de tudo o que já tinha feito, mas que me deu enorme satisfação.

Mais recentemente, aventurei-me no trabalho com gesso. Fiz um sanca para o teto de um quarto, para um familiar, sem qualquer experiência prévia. Vi alguns vídeos e deitei mãos à obra. O resultado surpreendeu-me. Isso deu-me outra ideia: aplicar gesso sobre um painel de madeira e, após tratamento e pintura acrílica, criar uma imagem em relevo, em 3D.

Em resumo:
Posso dizer que a minha criatividade nasce, muitas vezes, de desafios — tanto aqueles que me são propostos como os que eu próprio me coloco. Está sempre ligada à vontade de superar dificuldades e de aprender algo novo. A superação e o gosto pela descoberta fazem parte de mim. Este caminho tem sido alimentado pelo autoconhecimento, pelas visitas a exposições, pela leitura, por pequenos filmes e por muitas outras formas de inspiração.
Portanto inspirem-se naquilo que vos rodeia e sejam felizes, pois assim a vida torna-se mais fácil.
António Vaz
Julho de 2025