A minha Criatividade

18-07-2025

A minha criatividade: um percurso de descoberta e superação

Pediram-me que escrevesse algumas palavras sobre a minha criatividade e de onde vem a inspiração para os trabalhos que tenho realizado ao longo do tempo. Vou tentar, através da escrita, partilhar como surgem as ideias, o que me inspira e como dou início a cada projeto.

Acredito que este gosto nasceu ainda em criança. Sempre gostei de desenhar, mas por ironia do destino — e talvez por falta de orientação, na altura — em vez de seguir Belas Artes, acabei por frequentar um curso industrial. No entanto, a arte nunca desapareceu completamente de mim. 

Foi já perto da idade da reforma que decidi retomar esse gosto adormecido, começando por pequenas pinturas a óleo, sobre madeira e tela. Com o tempo, senti necessidade de mais cor e também quis evitar os odores fortes das tintas a óleo e dos diluentes. Assim, comecei a pintar com tintas acrílicas. A partir desse momento, o processo criativo começou a ganhar força: sabia o que queria pintar, como o fazer e que cores usar com mais destaque.


Comecei pela natureza morta, ideal para exercitar o uso da cor. As flores captavam facilmente a atenção dos meus amigos.  

Pintura a óleo em madeira
Pintura a óleo em madeira

Depois, surgiram as paisagens.  

Pintura acrílica
Pintura acrílica

Mais tarde, experimentei o carvão, o que me ajudou a trabalhar melhor os contornos dos rostos e a perceber a importância das sombras para dar profundidade ao desenho.

Pintura a carvão
Pintura a carvão

A transição para retratos pintados, com tintas acrílicas, surgiu naturalmente. Alguns desses rostos foram feitos em estilo abstrato, com cores fortes e quentes. E foi aí que comecei a explorar diferentes ideias e técnicas, sempre com o objetivo de aprender e, acima de tudo, de gostar do que fazia. 

Pintura de rostos
Pintura de rostos

Num dado momento, perguntei-me: "E se tentasse algo mais digital?" Decidi experimentar pintar rostos em estilo vetorial no computador. Estudei vários programas e, apesar de os primeiros resultados não terem muito encanto, com persistência fui melhorando, e alguns trabalhos agradaram bastante a quem os viu. 

Pintura vetorial
Pintura vetorial

Certo dia, numa visita ao Parque Güell, em Barcelona, fiquei maravilhado com a arte feita em azulejos. Isso inspirou-me a criar os meus próprios trabalhos, com pedaços de azulejo colorido. Comecei a aplicá-los em vasos e em painéis de parede, que emoldurei. Hoje, muitos desses trabalhos fazem parte da decoração de halls de entrada e garagens, tanto na minha casa, como na de amigos.

Azulejos partidos
Azulejos partidos

Também ao visitar um museu, fiquei fascinado com obras feitas em madeira. Como sempre gostei de trabalhar esse material — talvez por influência do meu pai, que era carpinteiro — decidi experimentar algo semelhante. Criei painéis feitos com pequenos cubos de madeira pintados, que resultaram em composições visuais muito apelativas. Senti que era mais uma conquista pessoal: algo diferente de tudo o que já tinha feito, mas que me deu enorme satisfação.

Retangulos de madeira
Retangulos de madeira

Mais recentemente, aventurei-me no trabalho com gesso. Fiz um sanca para o teto de um quarto, para um familiar, sem qualquer experiência prévia. Vi alguns vídeos e deitei mãos à obra. O resultado surpreendeu-me. Isso deu-me outra ideia: aplicar gesso sobre um painel de madeira e, após tratamento e pintura acrílica, criar uma imagem em relevo, em 3D.

Trabalho em gesso e papel
Trabalho em gesso e papel

Em resumo:

Posso dizer que a minha criatividade nasce, muitas vezes, de desafios — tanto aqueles que me são propostos como os que eu próprio me coloco. Está sempre ligada à vontade de superar dificuldades e de aprender algo novo. A superação e o gosto pela descoberta fazem parte de mim. Este caminho tem sido alimentado pelo autoconhecimento, pelas visitas a exposições, pela leitura, por pequenos filmes e por muitas outras formas de inspiração.

Portanto inspirem-se naquilo que vos rodeia e sejam felizes, pois assim a vida torna-se mais fácil.

António Vaz
Julho de 2025